Maio 19, 2025

Comissão Europeia lança plataforma digital para o ecossistema têxtil

Sua estrutura pretende integrar todos os subsetores do ecossistema dos têxteis, vestuário, couro e calçado, incluindo pequenas e médias empresas.

A Plataforma do Ecossistema Têxtil da UE tem como objetivo apoiar os participantes do ecossistema têxtil europeu na transição verde e digital, reforçar a competitividade e promover a resiliência industrial.

Fonte: Portugal Têxtil –https://portugaltextil.com/comissao-europeia-lanca-plataforma-digital-para-o-ecossistema-textil/

Desenhada como um espaço único de informação, colaboração e compartilhamento de conhecimento, a plataforma está aberta a todos os participantes do setor, incluindo empresas, centros de pesquisa, organizações setoriais, autoridades públicas e sociedade civil. Oferece funcionalidades interativas como fóruns, páginas comunitárias, biblioteca de conteúdos, especialmente sobre a atividade legislativa na área, acesso a oportunidades de financiamento e uma seção dedicada a compromissos voluntários.

«Esta é uma nova ferramenta digital projetada para apoiar as partes interessadas do ecossistema têxtil na transição para maior sustentabilidade, digitalização, competitividade e resiliência», afirmou Giulia del Brenna, chefe de Unidade para Têxteis, Alimentação e Varejo da Direção-Geral do Mercado Interno da Comissão Europeia (DG GROW), durante o evento de lançamento realizado na manhã de hoje, 16 de maio.

A plataforma surge na sequência da implementação do roteiro para a transição do ecossistema têxtil, promovido pela Comissão Europeia em 2023, que identifica áreas prioritárias para intervenção como circularidade, gestão de resíduos, design ecológico, passaporte digital de produto e qualificações técnicas.

«Quando veem nossas ambições, percebem que dependem de todos nós, coletivamente. Não se trata apenas de uma ferramenta digital, mas sim de um compromisso partilhado», sublinhou Giulia del Brenna.

Os usuários registrados, como explicou Inês Coelho, consultora da EY, entidade responsável pela operacionalização da plataforma, numa demonstração prática, podem personalizar seu perfil e área de interesse, propor conteúdos como notícias, eventos e relatórios, interagir com outros stakeholders e publicar compromissos públicos, ou seja, declarações voluntárias de ações concretas em áreas como sustentabilidade, digitalização ou capacitação, apontou Francesca Monaco, pesquisadora no instituto italiano CSIL.

Além disso, a plataforma alberga páginas comunitárias temáticas que promovem debates orientados sobre tópicos específicos como ecodesign, tecnologias de rastreabilidade, financiamento e boas práticas de circularidade.

«Esta plataforma foi criada para vocês… é de vocês para construir, é de vocês para moldar», afirmou Francesca Squillante, consultora sênior da EY, que dinamizou o evento.

A colaboração intersetorial e multistakeholder é assumida como pilar estratégico da plataforma. Sua estrutura pretende integrar todos os subsetores do ecossistema dos têxteis, vestuário, couro e calçado, incluindo pequenas e médias empresas, muitas das quais enfrentam desafios acrescidos para acompanhar as exigências regulamentares.

«Não basta a ação dos gestores. Precisamos de ações colaborativas da indústria e dos decisores políticos», salientou Francesca Romana Rinaldi, diretora do Monitor for Circular Fashion, um dos primeiros parceiros institucionais a apresentar compromissos na nova plataforma.

Sobre as propostas políticas, partilhou uma antevisão de um documento de posição que será apresentado em junho no Parlamento Europeu. «Vamos publicar recomendações sobre gestão de resíduos, ecodesign, passaporte digital de produto e impacto social. Por exemplo, recomendamos incentivar a reparabilidade, harmonizar protocolos e apoiar o envolvimento de fornecedores através de formação, especialmente com ferramentas como esta plataforma do ecossistema têxtil», indicou.

Num painel dedicado às vozes do ecossistema, Carmen Arias, da CEC, destacou que «a plataforma é uma excelente oportunidade para construirmos uma grande família nos setores de têxteis, vestuário, couro e calçado».

Gustavo González-Quijano, secretário-geral da Cotance, reforçou o papel da plataforma como ponte entre empresas e decisores políticos. «Os operadores às vezes se sentem afastados dos responsáveis pela legislação. Esta plataforma pode ser uma ferramenta de ligação essencial, desde que também funcione nos dois sentidos: que a Comissão ouça o que o setor tem a dizer», sublinhou.

Paola Viniello, responsável de projeto da Euratex, chamou a atenção para a fragmentação de iniciativas, apontando que «em vez de criar mais uma plataforma, devemos trabalhar juntos para dar forma a esta. A boa notícia é que há apetite. O potencial está lá».

Lutz Walter, secretário-geral da Textile ETP, que tem experiência na gestão de plataformas, foi pragmático. «Uma plataforma pode se tornar um espaço aborrecido se não for alimentada. O segredo é tornar a informação relevante e de fácil acesso, especialmente para as PME, que têm poucos recursos e pouco tempo», resumiu.