Com as eleições no país, que se irão prolongar por mais de 40 dias, a indústria têxtil e de vestuário indiana espera a continuação das políticas de abertura de mercado e a concretização de mais acordos de comércio livre.
Fonte: Portugal Têxtil – https://portugaltextil.com/itv-indiana-expectante-com-as-eleicoes/
As sondagens mostram a previsível reeleição do governo no poder em junho e, para a indústria de vestuário, as perspetivas são otimistas quanto ao reforço dos projetos de promoção do investimento, aponta o Just Style.
No passado, a indústria foi apoiada por iniciativas como o programa PM Mega Região Têxtil Integrada e Parques de Vestuário (PM MITRA), o projeto de Incentivos Vinculados à Produção (PLI) e o de Capacitação no Sector Têxtil (SAMARTH).
«Esses programas vão continuar», afirma, ao Just Style, Rahul Mehta, responsável da Associação de Produtores Têxteis da Índia. O PM MITRA pretende apoiar o investimento na indústria têxtil e de vestuário através da construção de parques industriais utilizando infraestrutura moderna com um orçamento de 44,45 mil milhões de rupias (cerca de 500 milhões de euros) até 2028. O PLI, por outro lado, promove a produção de têxteis e vestuário feitos de fibras sintéticas e de têxteis técnicos, proporcionando benefícios financeiros a novas empresas.
A indústria indiana de vestuário tem feito pressão para uma segunda geração do esquema PLI, insistindo num limite de investimento muito inferior aos atuais mil milhões de rupias que têm de ser injetados para garantir o apoio governamental, refere Mithileshwar Thakur, secretário-geral do Conselho de Promoção das Exportações de Vestuário da Índia.
A expectativa é que o programa possa permitir o crescimento de empresas mais pequenas. «A maioria das unidades de produção de vestuário indianas são pequenas e não conseguem atingir economias de escala», explica. O atual tamanho da maioria dos fabricantes de vestuário indianos também os impede de adotar as tecnologias mais recentes, que são feitas principalmente para produtores de grande escala, acrescenta Rahul Mehta.
Prashant Agarwal, diretor-adjunto da empresa de consultoria Wazir Advisors, em Gurgaon, perto de Deli, prevê que essa mudança ocorra, adiantando que um novo governo provavelmente lançará um esquema PLI-2 na sua primeira sessão parlamentar, no qual o limite de investimento seria de 150 milhões de rupias e sem qualquer condição de uso de fibra sintética (uma condição atual para garantir a ajuda do PLI-1). «O governo está a promover investimentos a grande escala para criar o tipo de capacidade que os compradores internacionais procuram», indica.
No seu manifesto eleitoral, divulgado a 14 de abril, o BJP (Partido Bharatiya Janata), atualmente no poder, sustenta que «o nosso governo deu um passo importante na expansão dos centros tecnológicos», o que «irá expor as micro, pequenas e médias empresas à inteligência artificial, robótica, Internet das Coisas, realidade virtual, tecnologia blockchain e práticas “Zero Defect Zero Effect”», que minimizam as devoluções e o impacto ambiental. Até ao final de 2024, haverá mais de 150 desses centros tecnológicos para ajudarem na orientação, capacitação e prototipagem para estas empresas mais pequenas, acrescenta.
Estas medidas podem também compensar eventuais restrições na atribuição de benefícios financeiros à indústria. «O âmbito dos incentivos fiscais é limitado e, como tal, estamos a procurar mais simplificação processual, digitalização, maior facilidade de fazer negócios e tudo o que leve à redução dos custos e do tempo de transação», sublinha Chandrima Chatterjee, secretária-geral da Confederação da Indústria Têxtil Indiana.
Além disso, de acordo com Chandrima Chatterjee, nos últimos dois a três anos, o fosso entre a Índia e os seus concorrentes no mercado de exportação de vestuário tem vindo a aumentar, à medida que as exportações do Bangladesh e do Vietname crescem a um ritmo mais rápido. Para aumentar a sua competitividade, a indústria de vestuário da Índia aguarda ansiosamente os acordos de comércio livre planeados com o Reino Unido e a União Europeia, adianta.
De acordo com Prashant Agarwal, o governo estabeleceu uma meta de 100 dias no seu novo mandato para fechar o acordo de comércio livre com o Reino Unido, o que deverá dar às exportações de vestuário indianas uma vantagem alfandegária de cerca de 9%, resultando num previsível aumento nas vendas de 1,5 mil milhões de dólares, em 2023, para mais de 3,5 mil milhões de dólares.
A popularidade do primeiro-ministro Narendra Modi deve proporcionar ao governo do partido BJP um terceiro mandato, mas com esse mandato virão desafios, como a redução do desemprego, que era de 8% em fevereiro, segundo o Centro de Monitorização da Economia Indiana. «Esperamos que qualquer governo que entre em cena compreenda que os têxteis e o vestuário são os maiores fornecedores de emprego, especialmente para as mulheres», conclui Rahul Mehta.