Setembro 4, 2024

Protestos em Bangladesh fecham confecções

Problemas com as cheias. greves e protestos, deverão ter provocado uma queda de 50% da produção, aponta, à Reuters, Mohammad Hatem, presidente da Associação de Produtores e Exportadores de Vestuário em Malha de Bangladesh.

Pelo quarto dia consecutivo, os trabalhadores da indústria de vestuário manifestaram-se nas ruas por melhores condições salariais e levaram ao encerramento de dezenas de fábricas no país, que foi também afetado por fortes cheias em agosto.

Fonte: Portugal Têxtil – https://portugaltextil.com/protestos-no-bangladesh-fecham-confecoes/

De acordo com o site Benar News, os empresários de 150 unidades produtivas suspenderam, ontem, as atividades em várias das principais áreas industriais em Gazipur e Narayanganj devido aos protestos, que levaram a uma operação conjunta de militares e polícia, naquela que é a primeira manifestação laboral do sector desde que o governo interino, liderado por Muhammad Yunus, iniciou funções no início de agosto, após a demissão de Sheikh Hasina.

Sarwar Hossain, presidente da Federação Sindical de Trabalhadores do Vestuário do Bangladesh, manifestou, ao Bernar News, preocupação com a influência de pessoas de fora da indústria. «Nós, os trabalhadores, queremos manter a produção industrial. Queremos fazer algumas exigências dos nossos trabalhadores de forma sistemática, mas aqueles que atacaram as fábricas de vestuário não são trabalhadores», referiu, relativamente aos atos de vandalismo que ocorreram na tarde de ontem, 3 de setembro.

Uma trabalhadora da indústria afirmou que ela e outras pessoas estavam a protestar por melhores salários, mas que pessoas de fora se juntaram e interromperam os esforços. «Temos estado a manifestar-nos em relação aos salários em atraso ​​e aumentos. Mas não podemos dizer quem veio e protestou nas áreas das nossas fábricas», destacou Khokon Mia, que trabalha na fábrica Jamuna Denim, na área de Konabari, em Gazipur, à Benar News.

Sarwar Hossain suspeita que, após a mudança política, alguns grupos estão a tentar assumir o controlo dos mercados, especificamente do “negócio jhute”.

Localmente, as peças de vestuário rejeitadas, por questões de qualidade, para exportação são chamadas de “jhute”. Grupos politicamente influentes tentam controlar esses produtos, uma vez que têm elevada procura internamente.

Asif Mahmud Shojib Bhuiyan, consultor do Ministério do Trabalho e Emprego, também culpou pessoas de fora por tentarem incitar os grevistas. «Alguns protestos dos trabalhadores são justificados devido a salários e subsídios não pagos», assentiu aos jornalistas após uma reunião com representantes dos trabalhadores, adiantando que o governo está empenhado em responder às exigências legítimas dos trabalhadores, mas que não irá tolerar interferências externas. «A agitação está a ser exacerbada por disputas pelo controle do negócio jhute, com líderes de partidos políticos supostamente envolvidos nessas atividades», sublinhou.

Já hoje, segundo a AFP, que cita fontes policiais, estão encerradas mais de 80 fábricas, nomeadamente de vestuário, por receios de segurança com as manifestações, a que se têm juntado trabalhadores de outras indústrias, nomeadamente farmacêutica, cerâmica e couro.

Para além dos protestos, que remontam já aos últimos meses, a indústria está a braços com os problemas causados pelas cheias, que estão a afetar o aprovisionamento de algodão.

Em conjunto, estes problemas deverão ter provocado uma queda de 50% da produção, aponta, à Reuters, Mohammad Hatem, presidente da Associação de Produtores e Exportadores de Vestuário em Malha do Bangladesh.

«A indústria está agora sob uma enorme pressão para cumprir prazos e, sem uma solução rápida, a cadeia de aprovisionamento pode deteriorar-se ainda mais», afirmou no final de agosto.

Rubana Huq, ex-presidente da Associação de Produtores e Exportadores de Vestuário do Bangladesh (BGMEA), que detém uma empresa na capital Daca, revelou que, «mesmo para uma empresa de tamanho médio como a nossa, que faz 50 mil camisas por dia, e se uma única camisa custa 5 dólares, houve uma perda de 250 mil dólares na produção».

Esta empresária indicou à Reuters que, embora as empresas estejam a retomar a produção, a recuperação completa «demorará pelo menos seis meses» e alertou para a possibilidade dos produtores do Bangladesh poderem perder 10% a 15% do negócio para outros países.

Shahidullah Azim, diretor do grupo da indústria na BGMEA, apontou que os compradores estão a adotar uma abordagem cautelosa e «quanto mais tempo persistir esta incerteza, mais desafiante será para nós manter o dinamismo que construímos».