Um novo estudo da GlobalData sugere que a procura de vestuário vai diminuir no mercado à medida que a sociedade alemã envelhece e as taxas de natalidade diminuem. No entanto, os próximos anos, até 2028, serão ainda de crescimento.
Fonte: Portugal Têxtil – https://portugaltextil.com/queda-demografica-afeta-procura-na-alemanha/
A população alemã deverá crescer ligeiramente até 2026, antes de contrair em 2027 e 2028 devido à queda da taxa de natalidade, aponta a GlobalData no estudo The Apparel Market in Germany to 2028, devendo atingir, daqui a quatro anos, 85,9 milhões de pessoas.
Face a estes números, a população da Alemanha deverá envelhecer, com a proporção dos que têm 65 ou mais anos a aumentar 1,9 pontos percentuais, para 24,4% entre 2023 e 2028.
A GlobalData acredita, refere o Just Style, que esta tendência demográfica vai representar um grande desafio para o mercado do vestuário, já que, habitualmente, os consumidores mais velhos gastam menos em vestuário. Além disso, o mercado de roupa infantil será particularmente afetado com o nascimento de menos crianças.
Em 2023, o mercado alemão de vestuário, acessórios e calçado atingiu 77,6 mil milhões de euros, segundo a GlobalData, que antecipa uma taxa de crescimento anual composta superior a 2% até 2028, altura em que o mercado deverá atingir 87,3 mil milhões de euros, 78,1% (ou 68,2 mil milhões de euros) do qual correspondente unicamente às vendas de vestuário.
O crescimento, indica o Just Style, «é sobretudo impulsionado por uma normalização dos padrões de compra após vários anos fracos, com as vendas de vestuário a regressarem aos níveis de 2019 apenas em 2023, em comparação com o calçado e os acessórios, que registaram crescimentos de 11,5% e 16,2%, respetivamente».
Em termos de preferências dos consumidores, a H&M continuou na liderança no mercado alemão em 2023, embora esteja a assistir a uma diminuição da sua quota de mercado nos últimos anos, uma tendência que deverá persistir em 2024. Já a Zara – que ainda não consta do top 5 – está a ganhar popularidade junto dos consumidores alemães, tendo aumentado a sua quota de mercado para 1,9% no ano passado, uma percentagem que deverá aumentar este ano, graças ao que a GlobalData, citada pelo Just Style, chama de «credenciais superiores de moda».
A C&A ocupa o segundo lugar, tendo igualmente vindo a perder quota de mercado, estando atualmente a apostar na expansão nas lojas físicas e no digital para tentar contrariar esta redução.
A crescer está igualmente a Shein, que ocupa agora o quarto lugar na Alemanha, atrás da Nike, que deverá ser ultrapassada pela retalhista de ultra fast fashion já este ano. O último lugar no top 5 é ocupado pela Adidas, que deverá recuperar alguma margem em 2024.
Online, Geração Z e preço ao comando
Nas suas projeções para os próximos anos, a GlobalData aponta três tendências que se irão evidenciar no mercado alemão. A primeira prende-se com a melhor performance das vendas online a partir de 2025, que deverá atingir uma taxa de penetração de 32,6% em 2028.
Em termos de segmento da população, a Geração Z – nascida a partir de meados dos anos 90 até 2010 – é a mais atenta às tendências de moda e a mais envolvida com as redes sociais e a cultura dos influenciadores, como tal, a mais propensa a comprar vestuário, o que justifica a ascensão das retalhistas de ultra fast fashion como a Shein no mercado.
Por último, o conceito de valor por dinheiro continua a marcar o mercado alemão. A GlobalData projeta que vai haver uma maior polarização nos próximos anos, com os segmentos mais baixos e mais altos a deverem aumentar a sua quota de mercado em 1,5% e 0,7%, respetivamente, entre 2023 e 2028. «Com as pressões económicas a persistirem, muitos consumidores deverão mudar para marcas mais baratas. Alimentando um crescimento significativo para marcas como a Shein. Ao mesmo tempo, os consumidores que podem pagar vão subir de gama de marcas de mass market para opções premium em busca de artigos com uma maior qualidade e mais versáteis que durem mais. Em resposta, atores do mercado de massa, incluindo a H&M, estão a focar-se na expansão das suas ofertas premium para continuarem competitivas», conclui.